A sustentabilidade é hoje uma prioridade nos demais setores da sociedade e os setores do turismo e cultura não são exceção. À medida que as instituições culturais procuram alinhar-se com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o impacto ambiental de exposições e eventos culturais torna-se uma preocupação, e a redução deste impacto uma prioridade. Neste artigo, propomos estratégias para promover museus sustentáveis, com destaque em boas praticas, inovação e responsabilidade ambiental.

  1. Planeamento sustentável desde o início

A garantia de sustentabilidade começa na fase de conceção de qualquer exposição ou evento. A escolha de materiais reutilizáveis e até recicláveis ou provenientes de fontes responsáveis é fundamental. Ao investir em materiais adequados que possam ser reaproveitados em futuras exposições e ao evitar o uso de plástico descartável, há a possibilidade de reduzir o desperdício neste meio.

Além disso, o layout da exposição deve ter em conta a eficiência energética, como por exemplo, a utilização de iluminação LED para minimizar o consumo de energia.

  1. Parcerias locais e logística verde

Repensar a logística pode auxiliar a reduzir a pegada ecológica. Ao trabalhar com fornecedores locais e apostar em rotas e consequentemente transportes menos poluentes contribui para um mundo e museus sustentáveis.  Desta forma, há ainda a valorização de artistas e empresas da região, o que ajuda a reduzir as emissões de carbono e ainda fortalece a cultural local.

No que concerne a montagem e desmontagens de exposições, sempre que possível, é também importante planear o número de viagens necessárias, otimizando o transporte de obras e equipamentos necessários.

  1. Gestão eficiente de resíduos

Reciclar, prever e reduzir são praticas que devem estar integradas na rotina dos museus. A disponibilização de ecopontos e lixos acessíveis ao publico e ao staff é também essencial. Em eventos, podem e devem ser consideradas soluções de catering com embalagens biodegradáveis, reutilizáveis e amigas do ambiente, bem como a disponibilização de copos reutilizáveis ou sistemas que evitem o desperdício, ao invés da utilização de garrafas de plástico.

  1. Sensibilização do público

A fim de promover um museu sustentável, o seu papel educativo é também crucial. Ao integrar mensagens sobre sustentabilidade pelo museu ou exposição, há a contribuição direta para uma consciencialização ambiental por parte dos visitantes. Iniciativas como workshops, áudio-guias digitais (que não requerem a impressão de papel) ou colaborações com escolas e universidades podem ter um grande impacto na formação de cidadãos mais conscientes.

  1. Avaliação e melhoria contínua

Por fim, medir o impacto ambiental de cada exposição ou evento é essencial para garantir uma melhoria continua. Existem ferramentas e certificações específicas para os setores do turismo e da cultura que ajudam os museus a avaliar e comunicar os seus esforços de sustentabilidade de forma transparente com o seu público.

Adotar práticas mais ecológicas não significa comprometer a qualidade ou a criatividade das exposições ou museus em geral. Pelo contrário, representa uma oportunidade para inovar e liderar pelo exemplo num momento em que o planeta exige ação.

  1. Tecnologia ao serviço da sustentabilidade museológica

A tecnologia assume-se como uma aliada poderosa na missão de criar museus sustentáveis. Soluções digitais inovadoras permitem reduzir significativamente o impacto ambiental das instituições culturais sem comprometer a experiência dos visitantes – pelo contrário, frequentemente enriquecendo-a.

  1. Realidade aumentada e virtual: menos materiais, mais experiências

A realidade aumentada (RA) e a realidade virtual (RV) oferecem alternativas ecológicas aos materiais físicos tradicionalmente utilizados em exposições. Ao tirar partido do telemóvel do próprio visitante, os museus podem:

Por exemplo, em vez de produzir maquetes físicas de um sítio arqueológico, um museu pode oferecer uma experiência de RA que permite aos visitantes apontarem o smartphone para o espaço expositivo e visualizarem instantaneamente a reconstrução virtual do local, poupando materiais e energia associados à produção e iluminação de objetos físicos.

  1. Plataformas digitais: desmaterialização com vantagens

As aplicações móveis e plataformas digitais representam um passo significativo na desmaterialização de recursos museológicos:

Estas soluções podem ser implementadas através de aplicações web progressivas (PWA), que funcionam em qualquer dispositivo sem necessidade de instalação, minimizando a barreira à adoção por parte dos visitantes.

  1. Soluções baseadas em inteligência artificial: eficiência sem elementos intrusivos

Aproveitar os dispositivos que os visitantes já trazem consigo, potenciados por inteligência artificial, é uma estratégia particularmente sustentável:

Um exemplo prático seria um sistema de áudio-guia ativado por reconhecimento visual, que não só elimina a necessidade de dispositivos físicos dedicados (e respetiva manutenção e consumo de baterias), como também preserva a estética original das exposições, sem a poluição visual de marcadores ou códigos.

  1. Monitorização inteligente: otimização de recursos

Os smartphones dos visitantes também podem contribuir para sistemas de monitorização que otimizam o consumo de recursos:

Esta abordagem tecnológica baseada em inteligência artificial não só reduz a pegada ambiental do museu, como também cria experiências mais naturais, imersivas e interativas, demonstrando que sustentabilidade e inovação avançada podem andar de mãos dadas no contexto museológico.

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