O poder do storytelling: Como envolver os visitantes para além das exposições estáticas

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Storytelling em museus

No mundo cada vez mais tecnológico e evoluído das instituições culturais, o storytelling em museus tornou-se uma ferramenta essencial para transformar exposições tradicionais e espaços em experiências imersivas e memoráveis. Contar histórias vai além de exibições de obras ou artefatos, trata-se de criar um laço emocional com os visitantes, tornando a experiência mais agradável. Ao utilizar recursos digitais para cativar vários públicos, cidades e espaços culturais podem agora explorar novas formas de implementar storytelling em museus.

Será o Storytelling em Museus essencial?

Desde os nossos antepassados que nos conectamos através de histórias. Seja com família, amigos e até professores, as narrativas sempre foram uma das formas mais eficazes de transmitir conhecimento e preservar a cultura. No caso da cultura, o storytelling em museus permite contextualizar objetos e monumentos históricos, dar voz a personagens do passado e transformar por completo a visita de um turista.

Através da aplicação desta prática, ao invés do visitante observar simplesmente a peça ou a obra, pode ser transportado para a época em que tais obras foram concluídas, auxiliando os turistas a compreender o seu significado e impacto na sociedade. Esta abordagem torna o aprendizado mais acessível e envolvente e é especialmente benéfico para públicos jovens e visitantes menos familiarizados com o tema em exposição.

Come pode a Tecnologia Potencializar o Storytelling em Museus?

A tecnologia tem um papel fundamental na modernização das experiências culturais e permite novas abordagens favoráveis ao storytelling em museus. Algumas soluções mais eficazes incluem:

  • Realidade Aumentada e Virtual – Permitem aos visitantes uma interação com exposições de forma imersiva, através da reconstrução de cenários históricos ou dando vida a personagens.
  • Áudio-guias digitais interativos – Oferecem narrativas personalizadas, permitindo aos turistas que escolham a sua própria jornada num museu ou cidade.
  • Mapas interativos e gamificação – Incentivam a interação e promovem a motivação por parte do turista com as obras e exposições.
  • Projeções e hologramas – Criam efeitos visuais com o objetivo de envolver o visitante, adicionando profundidade ao passado e contextualizando-o no tempo.

Contudo, apesar dos exemplos acima abordados e da tecnologia potencializar, de facto, o storytelling em museus, esta é uma técnica que, ao ser implementada, não necessita obrigatoriamente de utilizar tecnologia avançada. Isto é, uma cidade ou museu não carece de investir muito capital nesta solução, já que ao pensar ponderadamente sobre como a história pode ser passada ao visitante, já é possível alcançar o objetivo do storytelling.

Exemplos de Sucesso de Storytelling em Museus

Há vários museus conhecidos pelo mundo inteiro que já utilizam storytelling como forma de melhorar a experiência dos visitantes. Dois exemplos desta prática de sucesso são:

  • Museu de História Natural de Londres (Inglaterra) – As exposições são interativas e contam histórias sobre a evolução da vida na Terra. Há utilização de tecnologias como a realidade aumentada para criar experiências envolventes. Utilizam a narrativa do famoso esqueleto de dinossauro “Dippy”, ou seja, ao invés deste ser apenas um esqueleto em exibição, tem uma história própria, mostrando qual era o seu habitat, como se movia, o que comia, etc.
  • Casa de Anne Frank (Países Baixos) – Incluí um áudio-guia digital disponível em várias línguas que utiliza o famoso Diário de Anne Frank como inspiração. Cada sala recria momentos da vida de Anne durante a Segunda Guerra Mundial. Além disso, disponibilizam vídeos explicativos e estão expostos objetos da família para tornar a visita mais impactante.

Técnicas para implementar Storytelling 

Há alguns passos a seguir caso uma instituição cultural deseje adotar o storytelling em museus:

  1. Incorporar personagens e narrativas pessoais – utilizar testemunhos, cartas e relatos de pessoas ligadas ao tema, ou criar personagens fictícios inspirados em figuras históricas para guiar a experiência é uma das técnicas mais utilizadas, já que auxilia o público a conectar-se com a história.
  2. Integrar experiências imersivas e sensoriais – usar sons, luzes e projeções ajuda a criar um ambiente envolvente. Para além disso, fazer com que o visitante interaja com a exposição é também uma mais-valia neste campo.
  3. Criar uma linha de tempo narrativa – estruturar a exposição, o espaço ou o próprio museu de forma sequencial, ou seja, criar um percurso físico que acompanha a evolução da história auxilia o turista a “viajar no tempo”.

Conclusão

O storytelling em museus é uma ferramenta útil para transformar exposições estáticas em experiências dinâmicas e educativas e uma ótima forma de comunicar com o público. Ao integrar narrativas envolventes, museus e cidades podem atrair mais visitantes, aumentar a sua interação, criar experiências mais significativas e tornar o conhecimento mais acessível. Além disso, estas práticas preservam a cultura, garantindo a transmissão de conhecimentos e tradições de geração em geração.

Em suma, com a abordagem certa, contar histórias pode transformar a preservação e a vivência do património cultural.