A economia circular está, atualmente, a ganhar visibilidade em vários setores. O mundo da cultura e do turismo não é exceção. Esta é uma abordagem sustentável, que promove a redução do desperdício e a reutilização de recursos. Por isso, pode ser uma aliada poderosa para espaços culturais que procuram adaptar-se aos novos desafios ambientais, económicos e sociais. Mas como pode a economia circular ser aplicada no contexto cultural? O que podem os espaços culturais aprender com esta tendência?
O que é economia circular?
Ao contrário do modelo linear tradicional – produzir, consumir e descartar –, a economia circular aposta na criação de ciclos produtivos fechados. Ou seja, manter os materiais em uso o maior tempo possível é o principal objetivo, bem como regenerar sistemas naturais e reduzir o impacto ambiental. Este modelo ganha particular relevância num contexto de crise climática e escassez de recursos.
Cultura e sustentabilidade: desafios e oportunidades
Museus, cidades e espaços culturais no geral são locais de criação, experimentação e diálogo. Assim, estes consomem grandes quantidades de energia, produzem resíduos e, muitas vezes, recorrem a materiais de curta duração para exposições temporárias ou produções artísticas.
Aplicar princípios da economia circular pode significar praticar algumas das seguintes ações:
- Reutilizar materiais de exposições ou espetáculos anteriores;
- Apostar na eficiência energética dos edifícios e espaços;
- Implementar sistemas de gestão de resíduos mais eficientes.
Adaptações sustentáveis no setor cultural
Vários projetos culturais começam já a integrar práticas neste sentido. Por exemplo, festivais que reutilizam estruturas ano após ano e promovem o uso de copos reutilizáveis, museus que digitalizam parte dos seus documentos e arquivos para reduzir impressões e outras instituições culturais que funcionam com materiais reciclados.
Em Portugal, destacam-se iniciativas como o Festival Andanças, que implementou um sistema de gestão de resíduos exemplar, ou o MAAT (Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia), que tem incorporado princípios de sustentabilidade tanto na sua arquitetura como nas suas exposições.
Esta transição pode até abrir portas para novas formas de criação artística e de envolvimento com o público, transformando a sustentabilidade num elemento de inovação cultural.
Vantagens da economia circular para os espaços culturais
Poderíamos afirmar que adotar princípios da economia circular num espaço é apenas ético e ecológico. No entanto, é também uma estratégia de eficiência económica, que pode:
- Reduzir custos operacionais a médio e longo prazo;
- Diversificar fontes de receita através de novos modelos de negócio;
- Aumentar o valor percebido pelo público e pelos financiadores;
- Aceder a linhas de financiamento específicas para projetos sustentáveis.
Além disso, o alinhamento com valores sustentáveis pode reforçar a reputação institucional e atrair novos públicos, especialmente os mais jovens, cada vez mais conscientes do impacto ambiental das suas escolhas culturais e de lazer.
Conclusão
A economia circular nos setores da cultura e do turismo não é apenas uma tendência passageira, mas uma oportunidade de inovação e transformação profunda. Ao repensar alguns dos seus modelos de funcionamento, instituições culturais podem tornar-se agentes ativos da mudança, mostrando que é possível criar, educar e inspirar com responsabilidade ambiental. O futuro pode e deve ser circular.