Nos últimos anos, a Inteligência Artificial (IA) tem vindo a transformar as mais variadas indústrias, e o setor do turismo e cultura não é exceção. Um das inovações mais emergente é o reconhecimento visual por IA em museus e o uso de IA nas cidades. Esta tem vindo a redefinir a forma como os visitantes interagem com os espaços culturais. Comparando esta tecnologia recente com os tradicionais códigos QR, esta oferece uma experiência mais fluída, acessível e envolvente, permitindo um elevado nível de interação com os visitantes.
O que é o reconhecimento visual?
O reconhecimento visual por IA consiste em técnicas de visão computacional que são utilizadas para extrair características e padrões de imagens, permitindo que o sistema identifique objetos em tempo real (LeCun, Bengio, & Hinton, 2015). Já os métodos mais tradicionais de reconhecimento de objetos baseiam-se em imagens modelo, cada uma representando um único objeto isoladamente. No entanto, obter a imagem com o objeto ou obra isolada nem sempre é viável ou sequer possível. Por isso, poderão usar-se imagens onde os objetos não estão separados do fundo. Desta forma, o fundo também fornece características úteis para a tarefa de correspondência (Bay, Fasel, & Gool, 2006).
Estas tecnologias permitem que os visitante apontem os seus dispositivos para uma obra de arte, um objeto em exposição ou um monumento e recebam quase instantaneamente informações detalhadas, animações ou áudio-guias, sem necessidade de digitalizar um Código QR.
Vantagens em relação aos Códigos QR:
Os códigos QR tornaram-se populares como forma de alcançar qualquer informação nos mais variados contextos de forma rápida e acessível, em qualquer hora do dia. Contudo, apresentam várias limitações que o reconhecimento visual por IA consegue resolver de eficazmente:
Experiência fluida e intuitiva
O reconhecimento visual por IA permite que os utilizadores apontem simplesmente a câmara do seu dispositivo para um objeto ou cenário e acedam rapidamente aos conteúdos interativos. Com os códigos QR, os visitantes precisariam de encontrar o código, aceder à câmara e digitalizá-lo corretamente para ter acesso as informações.
Melhor acessibilidade
O reconhecimento visual por IA poderá facilmente integrar recursos únicos de acessibilidade como incluir áudio-guias digitais, facilitar a navegação através do reconhecimento de elementos arquitetónicos, permitir a interação por gestos mais naturais sem necessidade de movimentos precisos, identificar os detalhes específicos das obras e ainda auxiliar os visitantes a encontrarem a distância ideal de observação consoante as suas necessidades visuais. Estas características tornam a experiência mais acessível, inclusiva e adaptável a todos os públicos.
Interatividade aprimorada
É comum que um código QR direcione os utilizadores para páginas estáticas enquanto que o reconhecimento visual por IA oferece experiências imersivas como realidade aumentada, reconstruções históricas em 3D e narrações (áudio-guias). Estas experiências visam o aumento de interação com os visitantes. Um exemplo prático é o do Museu Nacional de Arqueologia, onde o reconhecimento visual por IA levou a uma interação 470% superior, em comparação com uma solução idêntica baseada em Códigos QR testada previamente.
Menos dependência de elementos físicos
Com a utilização de reconhecimento visual nos setores do turismo e cultura, os utilizadores podem explorar qualquer espaço sem restrições. Desta forma, os objetos ou obras são imediatamente reconhecidos pela câmara do dispositivo. Já com um código QR, há a necessidade de serem impressos papéis ou autocolantes e colocados em locais estratégicos. Assim, esta prática poderá significar um espaço físico não tão elegante e inclusive uma menor sustentabilidade por parte dos museus, cidades e pontos turísticos aderentes.
O futuro da experiência dos visitantes
Sabe-se que o reconhecimento visual por IA e a presença de IA no turismo e cultura estão apenas no início do seu potencial. No entanto, com os rápidos avanços tecnológicos que se fazem sentir nestes últimos anos, é expectável que haja a oferta de uma experiência cada vez mais personalizada e interativa aos utilizadores.
A transformação digital no setor cultural está, sem dúvida, a moldar a interação humana em espaços culturais e turísticos. Como tal, à medida que esta tecnologia se torna mais acessível, é expectável que comece a substituir por completo os métodos mais tradicionais como os códigos QR.
O reconhecimento visual por IA não é apenas um avanço tecnológico. É uma revolução na forma como nos conectamos com o património, a arte e a cultura.