Áudio-guias acessíveis: a importância da língua gestual

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áudio-guias acessíveis

No mundo do turismo e da cultura, a acessibilidade é um pilar cada vez mais importante para uma sociedade verdadeiramente inclusiva. Neste contexto, o objetivo é garantir que todos, independentemente das suas capacidades físicas ou sensoriais, possam usufruir de experiências enriquecedoras em espaços culturais. Assim, os áudio-guias acessíveis assumem um papel de destaque e a inclusão de língua gestual é um passo fundamental neste caminho.

O que são áudio-guias acessíveis?

Tradicionalmente utilizados em espaços culturais como museus e monumentos, os áudio-guias oferecem ao visitante uma explicação sonora sobre o que está a ver. Assim, tornam a visita do turista muito mais interessante e completa, já que este tem a possibilidade de compreender e perceber o que está a sua volta. Neste contexto e com os avanços tecnológicos sentidos nos últimos anos, os áudio-guias evoluíram para formatos mais inclusivos, adaptando-se a diferentes necessidades e tendo em conta a crescente consciencialização social.

Disponibilizar um áudio-guia acessível vai além deste incluir uma simples narração: pode também incluir legendas, versões em vários idiomas, conteúdos adaptados a crianças e jovens, linguagem simples, áudio descrição, e cada vez mais, interpretações em língua gestual.

Porque é que a língua gestual é tão importante?

Em Portugal, milhares de pessoas comunicam através da língua gestual. Para estas, o acesso à informação em Língua Gestual Portuguesa (LGP) não é um luxo, mas uma necessidade. A presença de vídeos com interpretes de LGP nos áudio-guias permite que visitantes surdos possam compreender conteúdos sem depender de terceiros ou da leitura, que nem sempre é acessível ou possível para todos.

Ao integrar LGP nos áudio-guias, os espaços culturais demonstram respeito e preocupação pela diversidade linguística e comunicacional do público, reforçando o seu compromisso com a acessibilidade cultural.

Benefícios para os espaços culturais

Incluir a língua gestual nos áudio-guias é um gesto de inclusão, mas não só. É também uma forma de valorizar a experiência do visitante, aumentar a atratividade do espaço cultural e diversificar o público. Museus e outros espaços que apostam na acessibilidade têm maior probabilidade de serem recomendados, visitados por grupos e de serem reconhecidos como instituições socialmente responsáveis.

Além disso, há benefícios em termos de financiamento e visibilidade, já que várias linhas de apoio à cultura priorizam projetos inclusivos e inovadores.

Caminhos para a implementação

A integração da LGP em áudio-guias pode ser feita através de vídeos com interpretes integrados nas aplicações móveis. Atualmente, já existem no mercado opções de apps inovadoras que comtemplam tanto LGP como outros conteúdos benéficos à acessibilidade dos seus utilizadores. Contrariamente à percepção comum, a integração de funcionalidades de acessibilidade em plataformas digitais culturais é hoje mais acessível do que nunca. Através de soluções como a Zoomguide, é possível implementar sistemas completos com modelos de licenciamento flexíveis, incluindo opções de custo zero.

Assim, é essencial que estes conteúdos sejam produzidos por profissionais e interpretes certificados, garantindo a melhor qualidade possível e rigor linguístico. Poderá também ser relevante a envolvência de associações representativas e testar previamente alguns conteúdos com utilizadores reais, garantindo que a experiência é, de facto, acessível e relevante.

Conclusão

Os áudio-guias acessíveis representam uma evolução natural rumo à inclusão nos espaços culturais. Ao adotarem e implementarem esta prática, as instituições culturais não estão apenas a cumprir responsabilidade social – estão a enriquecer a experiência de todos os turistas e visitantes e a construir um futuro mais inclusivo, participativo e justo.